- Ano: 2012
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Fotografias:Paulo Baptista
Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa foi desenhada para criar a habitação permanente de quem deseja viver no núcleo primitivo de Lagos, no Algarve. É uma intenção que deve ser estimada por contribuir para a requalificação e dinamização de uma área urbana sensível, que precisa ser revivida.
Resolveu-se também a ocupação do espaço de uma ruína , entre duas habitações, inserida numa frente de rua.
A construção pré-existente, sem aparente relevo arquitectónico e desvirtuada da sua forma original, apresentava-se pois em completo estado de ruína, sem cobertura e sem quaisquer condições de recuperação, sendo a reconstrução de raiz a forma de intervenção mais adequada e viável.
A nova habitação foi desenhada sobre a mesma área de implantação (com cerca de 100 m2), ocupando um espaço estreito (cerca de 6,50 m de frente), mas profundo, que se abre para um íntimo pátio confinante com a muralha da cidade, uma zona complementar, de vivência no exterior, que veio enriquecer a solução arquitetônica.
O piso térreo, onde se localiza a entrada, é um espaço único e fluido. A piscina, encostada no edifício, convida ao lazer e evidencia a intimidade do pátio, um inesperado espaço ajardinado no centro da cidade,onde a luz intensa das terras do Sul é filtrada pela vegetação, pela sombra da muralha e pelo coberto do terraço.
O pavimento superior, com acesso por escada solta, localizada na sala é ocupado por dois quartos com instalações sanitárias privativas e escritório.
A habitação tem uma única fachada, com dois pisos alinhados que acompanham a frente de rua.
A volumetria, a verticalidade e métrica dos vãos, os alinhamentos, o escuro da pedra em contraste com o branco do reboco são os elos de ligação com a densa envolvente urbana. A contemporaneidade, é revelada pela sobriedade e rigor do “desenho”.
Deste compromisso entre o passado e o presente resulta uma casa, que é apenas mais uma, que se dilui no intrincado urbano do núcleo histórico, mas em que é notório o espaço temporal da intervenção.
A casa não é mais que uma pequena peça desse organismo vivo que é a cidade.